Berrocal, de 60 anos, é um dos pilotos mais velhos da edição de 2019. Ele ostenta dois títulos brasileiros de cross-country e várias conquistas nos paranaenses de velocross, cross-country e motocross. No entanto, não vinha participando de provas competitivas até decidir que tentaria o Dakar. O rally que será disputado no Peru exige oito horas de disputas diárias.
Sua rotina de treinos para a prova alternou exercícios em academia de três a quatro vezes na semana, com treinos com moto três vezes na semana. Ele também praticou ciclismo para melhorar a parte cardiovascular e descansou apenas um dia por semana.
Para se habilitar para a prova off-road mais famosa do planeta, ele precisou enfrentar o Dakar Series, seletiva realizada em vários pontos do mundo. São provas que fazem parte do calendário mundial de rally cross-country. Na América do Sul, Berrocal disputou uma no Paraguai e duas na Argentina, mas não conseguiu completar nenhuma delas. Ele só pôde assegurar a vaga no Marrocos. “Participei este ano (2018) de uma prova do Dakar Series no Marrocos e ganhei experiência em dunas. Acho que vai me ajudar muito nesta prova, apesar das dunas daqui serem diferentes”, apontou.
O piloto garantiu estar tranquilo para a disputa. “Apenas pelo fato de eu ter sido selecionado para participar do Dakar já é uma conquista pessoal”, comemorou. Mesmo com a idade elevada em relação aos concorrentes, Berrocal diz se sentir preparado para enfrentar o grande desafio. “Sei que não é fácil para os profissionais, imagine para os amadores. Vou usar a experiência para poupar energia e terminar as etapas”, explicou o curitibano.
Quanto à prova, a meta é terminar as etapas sem penalizações e passar por todos os postos de controle e waypoints (pontos de notificação). “Chegar ao final será uma grande vitória para mim. Estou competindo com os profissionais e melhores pilotos do mundo”, destacou. Para ele, a sensação de estar no Dakar é de um sonho realizado: “Correr e participar no dia a dia com os melhores é sensacional”.
Sobre competir na altitude, ele destacou que não há como se preparar para esse fator no Brasil. “Como somos pilotos amadores, fica difícil o deslocamento para treinos em outros países. O jeito é ir se adaptando e poupar energias”, apontou. Um dos maiores desafios na edição deste ano será a elevação de Duna Grande, que possui 1.693 metros de altitude. Trata-se de uma área desértica localizada nos arredores de Nasca, que será percorrida na segunda e na nona etapa.
Ao montar seu time, Berrocal contratou a mesma equipe que o apoiou no Marrocos. Trata-se de uma equipe espanhola com estrutura e grande experiência no Dakar. “Ela possui vários mecânicos, caminhões e motorhome. Também possui quiroprata e coach em navegação. Ótima estrutura”, elogiou.
O Dakar de 2019 percorrerá as regiões de Lima, Pisco, San Juan De Marcona, Arequipa, Moquegua e Tacna. Cerca de 3 mil quilômetros do trajeto são compostos por terreno arenoso. A 41ª edição da competição é dividida em dez etapas, todas no Peru, diferentemente da característica dos anos iniciais da prova, que circulava por vários países.