A vela é o esporte olímpico que mais trouxe medalhas para o Brasil, com 19 pódios, sendo oito medalhas de ouro. Para Paris 2024, a expectativa está alta com a participação em dez categorias, nas disputas que serão realizadas entre 28 de julho e 8 de agosto. Um dos principais nomes do esporte no Brasil, Bruno Fontes, foi anunciado recentemente como integrante da seleção brasileira que vai representar o país nos Jogos Olímpicos deste ano. Na tarde de sábado (4), o atleta visitou o estande da Schaefer Yachts, no Rio Boat Show, maior evento náutico ao ar livre da América Latina, realizado de 28 de abril a 5 de maio, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. Confira a entrevista.
São 35 anos dedicados à vela e muitos títulos. Você pode, por favor, nos contar as principais conquistas?
Bruno: Sou velejador olímpico e tive o prazer de participar de muitas competições durante esse período, conquistei medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos em 2019, em Lima, e conquistei ao todo quatro títulos da competição. Além de outros sete títulos nacionais. Representei o Brasil nas Olimpíadas de Pequim e Londres e também tive uma carreira como treinador na China. Agora, mais uma vez, estou classificado para representar o meu país nas Olimpíadas de Paris este ano. Minha vida sempre foi marcada por ciclos olímpicos e eu já conquistei quase tudo.
Quais são as suas expectativas para os jogos deste ano?
Bruno: A expectativa é enorme. Eu sou um cara bastante experiente na plenitude dos meus 44 anos. Eu estou muito motivado e tenho a parte física como ponto forte na carreira, por isso, essa longevidade. Sei que não sou o favorito, mas sou um dos favoritos, então sonho com a única medalha que falta na minha carreira, a medalha olímpica. Já conquistei diversos títulos internacionais e mundiais, então sonhar com essa medalha em Paris seria um encerramento de um ciclo, de uma carreira vitoriosa.
Quais são os desafios de um velejador no Brasil?
Bruno: Acredito que o maior desafio para todo atleta do país é o mesmo que para todo cidadão brasileiro. Nosso maior desafio é vencer na vida. Mas em relação ao velejador, posso dizer com propriedade que ele precisa entender a necessidade de empreender em sua carreira. Não basta apenas praticar um esporte tão complexo quanto a velejada, onde é necessário entender sobre meteorologia, preparação física e desenvolvimento de material. Tem que entender também que o atleta precisa de apoiadores que acreditam no seu trabalho e no seu projeto. É difícil, mas é possível. Sou uma prova disso, tenho uma carreira longa graças ao apoio de grandes empresas, como a Schaefer Yachts.
Durante sua trajetória, você com certeza colecionou momentos engraçados e marcantes. Como estamos em período olímpico, conta para nós uma história que foi inesquecível.
Bruno: Ah, essa é realmente engraçada. Na minha primeira Olimpíada, em Pequim (2008), eu queria tirar fotos com grandes atletas da competição. Estávamos eu e o Robert Scheidt e queríamos tirar uma foto com o Roger Federer, mas não conseguimos chegar nele para pedir. Encontramos o Rafael Nadal e conseguimos parar para tirar algumas fotos, mas eu não reparei que a minha câmera estava em vídeo. Na hora, eu abracei o Nadal e ficamos uns três segundos olhando para câmera quando notei que estava filmando. E foi aí que eu disse: “Está em vídeo, desculpa, Federer”. Eu chamei o Nadal de Federer, porque eu estava com esse nome na cabeça. Ele era muito rabugento no começo da carreira e me olhou com uma cara espantada e eu só consegui pegar meu telefone, agradecer e sair. (risos)
Pode nos contar como é a parceria com a Schaefer Yachts e há quanto tempo ela existe?
Bruno: É engraçado comentar sobre isso, porque o Márcio Schaefer foi um dos primeiros mentores na minha carreira. Velejei quando era criança com ele, em um dos primeiros projetos que ele fez de veleiro. Eu voltei a competir logo depois desse meu período como treinador e foi aí que entrei em contato com o Márcio, ele se prontificou para me apoiar com a Schaefer Yachts. Nossa parceria já existe há pouco mais de um ano e eu estou muito contente em tê-lo comigo, uma vez que nossa história começou lá atrás. A Schaefer cresceu, fez a sua história e eu fiz a minha. E agora aqui estamos celebrando esse momento com a Olimpíada de Paris 2024.
O que você achou do Rio Boat Show?
Bruno: Esse é um evento único. Para quem é do meio náutico, não só pelos veleiros, mas também pelos iates e todos os outros modelos, é muito importante ver esse crescimento do segmento. A nossa costa é imensa, cheia de oportunidades, e um evento como esse fomenta o nosso setor náutico. Além de ver todos os estandes que se destacam com uma grande diversidade de produtos e é impossível não falar da beleza que é estar aos pés do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar.
Para encerrarmos, que conselho você daria para quem está começando no mundo da vela?
Bruno: O esporte ensina na construção de valores, desde derrotas, vitórias, respeito ao próximo, crescimento, frustrações entre tantas outras coisas. E a vela, ensina ainda a lidar com a natureza e o inesperado. A importância de se respeitar a natureza, ler o vento, as nuvens, e a corrente. Então é um aprendizado para a formação de caráter das crianças e jovens, sendo também um meio sadio de vida.