Por Luc Monteiro
As atenções do automobilismo costumam ter focos preferenciais e bem definidos. O megaevento da Stock Car e suas categorias coligadas. A luta da Fórmula Truck para se reinventar e retomar seu potencial ao mesmo tempo em que outra categoria de caminhões, a Copa Truck, tem data marcada para a primeira largada. O crescimento consolidado do Porsche Império GT3 Cup, como evento e como competição esportiva. O ressurgimento, mais um, da Fórmula 3. O novo e positivo momento do Endurance, agora calçado pelo patrocínio e pelo forte mote promocional da Dopamina. E por aí vai. São os assuntos das nossas rodas.
Uma lista de pautas que, cada vez mais, passa a ser frequentada pela categoria Marcas & Pilotos 1.6. Sim, o “marquinhas” (os pilotos odeiam essa definição), comendo pelas beiradas, está ganhando seu espaço. É a base da ascendente Cascavel de Ouro, ganhou atenção também do automobilismo paulista com a recente implantação do Endurance Interlagos, específico para os modelinhos de produção em série, tem bons campeonatos regionais em todos os cantos do país – no Rio Grande do Sul, inclusive, desmembrada em uma versão 1.4 e outra, 1.6, que agora ganha pneus slick –, contabiliza com facilidade qualquer coisa em torno de 400 praticantes no automobilismo brasileiro.
É diante desse potencial todo que se formatou o ressurgimento do Campeonato Brasileiro de Marcas & Pilotos 1.6. O nome, na verdade, não é esse. É Campeonato Brasileiro de Turismo 1600, que particularmente não me agrada. Acho que a expressão “Marcas & Pilotos” tem bastante peso. Eu a teria usado. Mas não foi minha a iniciativa de promover o Brasileiro. Foi do Ítalo Carrareto e do Ângelo Correa. Na verdade, não só deles. Há um batalhão de automobilistas mobilizados em torno disso. O Ítalo, que é de Brasília, e o Ângelo, que é de Goiânia, estão à frente desse trabalho conjunto. A Scuderia JK, empresa do Ítalo, é que tem o contrato de concessão da Confederação Brasileira para promoção e realização do novo campeonato.
O formulário de pré-inscrição lançado no site brasileirodeturismo1600.com reuniu em poucos dias quase 80 carros, todos de pilotos ávidos por levar suas atividades dos campeonatos regionais a um Brasileiro. Convenhamos, muitos deles não vão correr. Deram seus nomes no calor do momento. Mas arrisco que apostar em um grid com qualquer coisa em torno de 40 ou 50 carros na primeira etapa, dia 28 em Cascavel, é tiro certeiro. Os carros seguirão um regulamento técnico que, após meses de discussão, ficou o mais próximo possível dos regulamentos praticados nas competições regionais – já falei por aqui sobre a necessidade de uma equalização de âmbito nacional desses regulamentos, é coisa que precisamos buscar de forma efetiva e rápida. Em termos desportivos, serão três as categorias em disputa: A e B, categorias de graduação que dispensam apresentação, e Máster, esta voltada aos pilotos com idade mínima de 50 anos.
Depois de mais de duas décadas sem um Brasileiro de Marcas & Pilotos, a chegada do Brasileiro de Turismo 1600 acaba promovendo algo como uma inclusão social no automobilismo, levando ao cenário nacional pilotos que normalmente não teriam tal condição diante dos custos altos das ditas categorias top. Em termos de divulgação e exposição, o novo campeonato oferece, de cara, a transmissão ao vivo de suas corridas na televisão e na internet. Os pilotos podem participar em dupla ou em atuação individual. A taxa de inscrição para cada carro é de R$ 1.800 por etapa e os procedimentos estão todos indicados no site já citado.