Das arquibancadas ou da televisão, quem parou para assistir a sexta etapa da Stock Car, neste domingo (17) em Cascavel (PR), teve enormes doses de emoção com duas corridas disputadíssimas e decididas somente no final. Na primeira corrida, mais longa, Cacá Bueno venceu batalha de grande intensidade com Marcos Gomes até o abandono do atual campeão; na segunda, Rubens Barrichello venceu Allam Khodair na linha de chegada por míseros 61 milésimos de segundo.
As duas provas foram movimentadíssimas. Na primeira, de 43 voltas, Cacá manteve a ponta na largada enquanto Ricardo Zonta pulava da sexta para a terceira posição e logo superava o segundo colocado Vitor Genz. Marcos Gomes, em quarto, iniciou reação e foi ultrapassando um a um até chegar em Cacá. Aí, começou a disputa para valer, que durou várias voltas e proporcionou ao público assistir a várias trocas de posição entre os dois líderes.
A batalha entre o penta e o atual campeão durou até a volta 33, quando Gomes foi forçado a abandonar por uma falha na suspensão do carro #80, abrindo caminho para a segunda vitória de Bueno na temporada, que também não foi fácil, já que Ricardo Zonta se aproximava e cruzou a linha de chegada a 1s2 do vencedor. Diego Nunes fez um bom terceiro lugar para completar o pódio.
Para Bueno, autor da pole position no sábado, a sorte sorriu para o carro #0 da Red Bull também no domingo. “A sorte apareceu e mais do que sorte, um carro incrível que a equipe me deu e uma disputa maravilhosa com o Marquinhos. Eu acho que quem estava em casa se divertiu, quem estava nas arquibancadas se divertiu e acho que nós dois também nos divertimos”, apontou. “Lógico que eu não queria que ele tivesse problema, foi uma pena o que aconteceu com ele, porque ia ser uma disputa linda até a última volta. Dura, mas limpa e linda”, anotou.
Vitor Genz, que largou em segundo, manteve um ritmo forte para terminar na quarta posição, repetindo seu melhor resultado na Stock Car – conquistado justamente em Cascavel na temporada passada. Max Wilson fechou os cinco primeiros. Valdeno Brito, Rafael Suzuki, Felipe Fraga, que fez 19 ultrapassagens nos 45 minutos de prova, Sérgio Jimenez e Daniel Serra completaram o top-10. Assim, Serra largava em primeiro na segunda prova, que por regulamento inverte os dez primeiros no grid. Personagens da segunda prova, Thiago Camilo terminou a disputa inicial em 15º, Rubens Barrichello em 17º e Allam Khodair em 18º – e suas respectivas posições de largada da contenda seguinte.
Serra manteve a liderança na saída, mas quem não fez o abastecimento na primeira corrida tinha que ir logo para os boxes sob o risco de ficar sem combustível. E quem parou no início da janela de pit stops da primeira disputa tinha que economizar na segunda – o que se mostrou determinante na definição do vencedor.
Por isso, um batalhão de carros se dirigiu aos boxes já na segunda volta, o que foi formatando a disputa. Abastecido ainda no primeiro terço da primeira prova, Thiago Camilo aparecia em primeiro e caminhava para a primeira vitória na temporada – sua última havia sido conquistada no mesmo circuito em 2015.
Allam Khodair vinha em segundo com o companheiro de equipe Rubens Barrichello em terceiro, acompanhando bem de perto. Pouco antes, Marcos Gomes fazia boa prova e ocupava a segunda posição, quando Khodair o ultrapassou. Barrichello veio no embalo, e ao se defender na primeira perna do ‘Bacião’, o atual campeão acabou abrindo espaço, no qual Rubens mergulho. Gomes tentou fechar a porta e os dois carros se tocaram, com o prejuízo maior para o #80, que saiu da pista, mas retornou para fechar em quarto lugar.
“Foi uma pena ter havido o contato, mas quando ele foi por dentro, eu sabia que ele ia perder a primeira trajetória do Bacião. Quando ele foi por dentro e abriu, eu só coloquei o bico com tudo por dentro no espaço que eu tinha – eu ia ter push e queria estar na frente dele para poder duelar, já que ele estava mais rápido do que a gente. E na hora que ele viu, ele fechou com tudo. Então o que posso alegar é entregar a minha câmera onboard aos comissários e mostrar que quem bateu em mim foi ele. Uma pena, mas foi acidente de prova e eu só quis ganhar espaço”, justificou Rubinho, que após investigação dos comissários ficou livre de punição, confirmando sua segunda vitória em Cascavel (a primeira fora em 2014, ano de seu título na Stock Car).
Na última volta, o público das arquibancadas se levantou com um ar de dúvida: onde estava o líder? Thiago Camilo parou a três curvas do final, sem combustível. Pelo forte ritmo de prova e o fato de não ter havido nenhuma intervenção do safety car, a quantidade de gasolina não foi suficiente para finalizá-la, e ao carro #21 só restou o consolo de ter completado a prova no 11º lugar, uma volta atrás dos líderes.
Além da dúvida, a expectativa. Caminho aberto para Allam Khodair vencer pela primeira vez no ano. Rubens Barrichello estava colado em seu carro. A metros da bandeirada, o carro #18 também perdeu velocidade, denunciando falta de combustível. Com o push to pass acionado, Barrichello venceu a corrida cruzando a linha de chegada apenas 48 centímetros à frente de Khodair, na diferença de 61 milésimos de segundo (0s061).
“Não dá para acreditar que a gente teve essa chance. Para falar a verdade, não a teríamos se o Thiago (Camilo) tivesse terminado a prova, porque ele estava absoluto”, lembrou Barrichello. “Meu carro começou a render melhor nas últimas dez voltas por eu ter trocado pneu. E tinha um bolo de gente ali, começamos a chegar nos retardatários e perguntei em que posição eu estava. Quando disseram que eu era terceiro eu respondi que parecia vigésimo, porque tinha muita gente na frente”, descreveu.
O piloto da Medley Full Time disse não ter percebido o problema de Camilo na última volta, de tão concentrado que estava no carro de Khodair. “Tinha aquele monte de carro na frente e vi que passei por um carro amarelo, mas estava focado em acionar o push na hora certa para passar o Allam e nem tinha certeza sobre o Thiago. Foi quando a equipe entrou no rádio e avisou que a vitória estava entre nós dois”, narrou.
“Dei o push um pouco mais tarde na reta que antecede a chegada porque sabia que poderia sair da curva final com mais velocidade. Foi isso que me deu a vitória, porque ele também teve falta de combustível na linha de chegada e meu carro passou por milésimos de segundo”, concluiu. Khodair e Júlio Campos completaram o pódio da corrida 2.
Oitavo colocado na primeira e nono na segunda, Felipe Fraga somou mais 22 pontos em sua campanha e sobe a 133 na liderança do campeonato, abrindo 21 para o companheiro de Cimed Racing Marcos Gomes, que só somou 11 no domingo. A disputa pelo título se intensifica, já que Max Wilson, quinto e oitavo hoje, sobe para 110, a apenas dois pontos de Gomes. Daniel Serra e Cacá Bueno, respectivamente, aparecem separados por apenas um ponto (101 a 100) na quarta e quinta posições, respectivamente. Valdeno Brito, em sexto, soma os mesmos 100, seguido de Barrichello com 99, Diego Nunes com 90, Ricardo Zonta com 88 e Átila Abreu com 85 fechando os dez primeiros do campeonato.
A Stock Car entra agora em período de recesso e retorna com a sétima etapa da temporada em Interlagos, no dia 11 de setembro, com a Corrida do Milhão.