Pela primeira vez nos 47 anos da competição, o Brasil conta com um piloto listado entre os favoritos para a vitória geral de uma edição do lendário Dakar Rally. A prova se inicia nesta sexta-feira (3) com a realização do prólogo, disputa curta (29km) e cronometrada que define a ordem de larga do primeiro dos 13 dias da corrida que será encerrada em 17 de janeiro, com o percurso total de 7.753km (5.145km cronometrados) inteiramente realizado nos desertos da Arábia Saudita. Apesar de relativamente novo no cenário internacional, o brasileiro Lucas Moraes é desde o começo de 2024 o líder da equipe Toyota Gazoo Racing (TGR), time japonês que é um dos principais do esporte mundial e que após uma intensa preparação chega ao Oriente Médio decidido a conquistar o título.
A prova deste ano envolverá 70 nacionalidades diferentes, incluindo membros das equipes. Com 807 competidores entre pilotos e navegadores, divididos em 439 veículos de várias categorias, a vitória na classificação geral é a mais cobiçada e valorizada do Dakar. Com 63 bólidos construídos especialmente para a prova por grandes especialistas mundiais, a categoria Ultimate, disputada por carros, é considerada a “Fórmula 1” do rally.
Equilíbrio inédito – Em 2025, a Ultimate exibe um equilíbrio notável – e considerado inédito. Há cerca de 20 competidores listados como potenciais vencedores, o que inclui o Toyota GR DKR Hilux EVO do brasileiro Lucas Moraes, que pelo segundo ano consecutivo terá navegação do espanhol Armand Monleón. Outras fábricas, como Ford, Dacia (do Grupo Renault) e Mini, além de construtores especializados em tecnologia de rally, também tentarão o primeiro lugar da Ultimate neste Dakar.
Em sua terceira participação no maior desafio do esporte mundial, Lucas Moraes acredita que a primeira semana de corrida será decisiva. “Eu acho que nesta edição do Dakar a gestão de pneus será o mais importante. É uma corrida de milhares de quilômetros e saber poupá-los será decisivo”, define ele. “Embora não conheçamos o roteiro, sabemos que teremos muitos quilômetros de trechos de piso de pedra, que literalmente “comem” rapidamente a borracha e destroem os pneus. Por regulamento, cada carro pode levar dois pneus reserva e é comum no Dakar nem eles darem conta. Eu acho que os trechos de pedra poderão definir a briga pela liderança ainda mais do que a parte das dunas. Especialmente nessa edição, isso vai embaralhar muito a classificação da corrida ao final de cada dia”, comentou o brasileiro, que conta com apoio de Red Bull, Repsol, Strava, Oakley, Zapalla e OutField.
Rápida ascensão – Lucas Moraes teve uma rápida ascensão no cenário mundial. O brasileiro estreou no Dakar em 2023, praticamente desconhecido de equipes e pilotos internacionais, apesar ter feito boas apresentações em duas etapas isoladas do Campeonato Mundial (uma em 2022 e outra em 2023). O pódio na estreia da prova mais difícil e icônica do mundo, que segue sendo o melhor resultado de um brasileiro no Dakar até agora, colocou holofotes sobre o piloto, que recebeu sondagens de diversas equipes, sendo contratado pela TGR, sinalizando que seria uma aposta de renovação no consagrado time japonês.
Em 2024, Moraes confirmou o acerto da aposta da TGR ao novamente brigar pelo pódio e vitória no Dakar, apesar de um capotamento e da quebra da suspensão do carro, que o fez abandonar no penúltimo dos 13 dias daquela edição da corrida. Paralelamente, Moraes obteve cinco vitórias em especiais já em seu ano de estreia no Campeonato Mundial de Rally Raid, que foram decisivas para a conquista do título de construtores para a Toyota.