O Londrina chega aos 60 anos revigorado e com a convicção que o futuro tem tudo para ser ainda mais vitorioso já que as dívidas, o nome sujo e o descrédito ficaram para trás.
Há pouco mais de seis anos, o alviceleste vivia um dos piores momentos da sua história e o clube mais tradicional do interior do Paraná chegou a beira de fechar as portas. Com passivos trabalhistas, fiscais e tributários na casa de milhões e o time rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Paranaense, as alternativas para uma recuperação eram quase nulas, até porque o LEC atravessava uma crise administrativa e financeira por causa da incompetência da cartolagem.
A solução veio através de uma medida inédita no Brasil: a intervenção judicial do clube, a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT). “No auge da crise, nos reunimos em uma igreja da Avenida Madre Leônia para deliberar se fechava ou não o clube. Não tinha dinheiro para arrebentar um cadeado. Custava R$ 50 e o LEC não tinha”, relembra o procurador do MPT, Heiler Natali, autor do pedido de intervenção, em outubro de 2009.
A Justiça destituiu o presidente da época, Peter Silva, toda a diretoria, o Conselho Deliberativo e cancelou a eleição para o novo presidente com objetivo de controlar todo dinheiro que entrava e saia dos cofres do clube.
Uma comissão de londrinenses, encabeçada pelo advogado Carlos Roberto Scalassara, foi montada para redigir o novo estatuto do clube e a venda da sede campestre foi a alternativa para quitar a dívida trabalhista, que passava dos R$ 6 milhões. “Não fazia sentido em manter a sede, totalmente destruída e na iminência de fechar, com um custo vegetativo de R$ 60 mil mensais só de manutenção. De qualquer forma a sede seria vendida mesmo se o LEC fechasse as portas”, aponta o procurador.
Controlar as contas e pagar as dívidas eram as tarefas menos árduas. Difícil mesmo era recolocar nos trilhos o futebol, carro-chefe do clube. A saída encontrada foi buscar um parceiro. A primeira tentativa foi desastrosa. O grupo Universe ganhou a concorrência contra a SM Sports.
“Era impossível justificar, minimamente, para quem quer que fosse, a preferência pela SM diante de ofertas que em alguns itens do contrato eram três, quatro vezes maior. Na ocasião não havia nada que indicasse que o grupo Universe não tivesse condições de assumir”, justifica Natali.
Na prática nada funcionou. O grupo se mostrou incompetente para gerir o futebol, o time quase foi rebaixado para a terceira divisão em 2010 e novas dívidas foram deixadas em nome do LEC. O rompimento do acordo abriu espaço para que a SM assumisse o departamento de futebol em janeiro de 2011.
Os cinco anos seguintes se tornaram um dos períodos mais vitoriosos da história alviceleste com o clube saindo da Divisão de Acesso e alcançando à Série B do Campeonato Brasileiro, disputado pela última vez em 2004. Some-se a isso o título paranaense em 2014, depois de 22 anos.
“Hoje, nenhum clube de médio ou grande porte do futebol brasileiro tem as finanças tão equilibradas e organizadas como o Londrina”, garante o representante do MPT.
O clube zerou a dívida trabalhista, quitou os débitos com o município e o passivo com o governo federal está refinanciado através da Timemania, e, em até dois anos estará quitado. A intervenção total se tornou parcial em 2011 e tem prazo para acabar. “Vai acontecer em 2016, em algum momento. As condições estão dadas para que isso de alguma forma possa ser levantada. Com o LEC na Série B, fica difícil de sustentar que o clube precisa de ajuda”, ressalta o procurador.
Quando escreveu o despacho que determinou a intervenção no clube, o juiz da 6ª Vara do Trabalho, Reginaldo Melhado, deixou claro a necessidade de preservar o nome e a credibilidade do clube “o maior patrimônio histórico e cultural do município”. “Isso legitimou a participação do MPT neste processo. A história do LEC se confunde com a história do município, quer pelo nome, quer pela idade. É impossível falar da cidade sem falar do Londrina”, aponta Heiler Natali.
Nascido em Santa Catarina, pouco aficionado por futebol e torcedor eventual do Avaí, o procurador aprendeu a gostar e a respeitar o alviceleste. “Ser testemunha do renascimento deste patrimônio histórico, desta paixão que movimenta a cidade valeu a pena demais. Eu realmente faria tudo de novo, se pudesse, com certeza”.
Há pouco mais de seis anos, o alviceleste vivia um dos piores momentos da sua história e o clube mais tradicional do interior do Paraná chegou a beira de fechar as portas. Com passivos trabalhistas, fiscais e tributários na casa de milhões e o time rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Paranaense, as alternativas para uma recuperação eram quase nulas, até porque o LEC atravessava uma crise administrativa e financeira por causa da incompetência da cartolagem.
A solução veio através de uma medida inédita no Brasil: a intervenção judicial do clube, a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT). “No auge da crise, nos reunimos em uma igreja da Avenida Madre Leônia para deliberar se fechava ou não o clube. Não tinha dinheiro para arrebentar um cadeado. Custava R$ 50 e o LEC não tinha”, relembra o procurador do MPT, Heiler Natali, autor do pedido de intervenção, em outubro de 2009.
A Justiça destituiu o presidente da época, Peter Silva, toda a diretoria, o Conselho Deliberativo e cancelou a eleição para o novo presidente com objetivo de controlar todo dinheiro que entrava e saia dos cofres do clube.
Uma comissão de londrinenses, encabeçada pelo advogado Carlos Roberto Scalassara, foi montada para redigir o novo estatuto do clube e a venda da sede campestre foi a alternativa para quitar a dívida trabalhista, que passava dos R$ 6 milhões. “Não fazia sentido em manter a sede, totalmente destruída e na iminência de fechar, com um custo vegetativo de R$ 60 mil mensais só de manutenção. De qualquer forma a sede seria vendida mesmo se o LEC fechasse as portas”, aponta o procurador.
Controlar as contas e pagar as dívidas eram as tarefas menos árduas. Difícil mesmo era recolocar nos trilhos o futebol, carro-chefe do clube. A saída encontrada foi buscar um parceiro. A primeira tentativa foi desastrosa. O grupo Universe ganhou a concorrência contra a SM Sports.
“Era impossível justificar, minimamente, para quem quer que fosse, a preferência pela SM diante de ofertas que em alguns itens do contrato eram três, quatro vezes maior. Na ocasião não havia nada que indicasse que o grupo Universe não tivesse condições de assumir”, justifica Natali.
Na prática nada funcionou. O grupo se mostrou incompetente para gerir o futebol, o time quase foi rebaixado para a terceira divisão em 2010 e novas dívidas foram deixadas em nome do LEC. O rompimento do acordo abriu espaço para que a SM assumisse o departamento de futebol em janeiro de 2011.
Os cinco anos seguintes se tornaram um dos períodos mais vitoriosos da história alviceleste com o clube saindo da Divisão de Acesso e alcançando à Série B do Campeonato Brasileiro, disputado pela última vez em 2004. Some-se a isso o título paranaense em 2014, depois de 22 anos.
“Hoje, nenhum clube de médio ou grande porte do futebol brasileiro tem as finanças tão equilibradas e organizadas como o Londrina”, garante o representante do MPT.
O clube zerou a dívida trabalhista, quitou os débitos com o município e o passivo com o governo federal está refinanciado através da Timemania, e, em até dois anos estará quitado. A intervenção total se tornou parcial em 2011 e tem prazo para acabar. “Vai acontecer em 2016, em algum momento. As condições estão dadas para que isso de alguma forma possa ser levantada. Com o LEC na Série B, fica difícil de sustentar que o clube precisa de ajuda”, ressalta o procurador.
Quando escreveu o despacho que determinou a intervenção no clube, o juiz da 6ª Vara do Trabalho, Reginaldo Melhado, deixou claro a necessidade de preservar o nome e a credibilidade do clube “o maior patrimônio histórico e cultural do município”. “Isso legitimou a participação do MPT neste processo. A história do LEC se confunde com a história do município, quer pelo nome, quer pela idade. É impossível falar da cidade sem falar do Londrina”, aponta Heiler Natali.
Nascido em Santa Catarina, pouco aficionado por futebol e torcedor eventual do Avaí, o procurador aprendeu a gostar e a respeitar o alviceleste. “Ser testemunha do renascimento deste patrimônio histórico, desta paixão que movimenta a cidade valeu a pena demais. Eu realmente faria tudo de novo, se pudesse, com certeza”.
Lucio Flávio Cruz