Clubes devem mais de R$55 bi em impostos

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Num ano em que as receitas dos principais clubes do Brasil alcançaram R$ 8,1 bilhões, com alta de R$ 659 milhões de 2021 para 2022, sendo o maior valor até hoje, o endividamento também atingiu o recorde, chegando a R$ 11,3 bilhões. Foi um aumento em R$ 900 milhões sobre o montante anterior entre 30 clubes analisados pela Ernst & Young. A consultoria examinou os balanços financeiros de todos os times das Séries A e B do ano passado.

Seriam 40 times, claro, mas 10 não divulgaram o demonstrativo contábil até a data padrão no país, 30 de abril. Já entre os presentes estão Fortaleza (com a maior receita da história da região, R$ 268 mi), Ceará (R$ 173 mi), Bahia (R$ 108 mi) e Sport (R$ 78 mi). Nesta publicação, trago o cenário sobre as maiores dívidas do futebol nacional. A EY estabeleceu o critério de “endividamento líquido”, que não é exatamente o passivo total, com todas as obrigações financeiras do clube.

A liderança absoluta do Galo, via empréstimos

Segundo o critério da empresa, o cálculo do endividamento é a subtração do passivo pelo ativo circulante (como dinheiro em caixa e contas a receber) e o ativo realizável a longo prazo. Ou seja, não conta o patrimônio físico, como seria a Ilha do Retiro em relação ao Sport, por exemplo. Com organização nos últimos anos, a dupla cearense aparece com dívidas controladas, sobretudo em comparação ao que arrecadam anualmente.

Ao todo, 21 clubes devem mais de R$ 100 milhões, com 18 já no sarrafo de R$ 200 milhões, incluindo Bahia e Sport. No alto, os grandes de BH seguem acima de R$ 1 bilhão, tendo a companhia do Botafogo. Os três têm em comum o alto passivo tributário, mas o “diferencial” é a pendência do Galo com empréstimos, com R$ 843 milhões. Se esta fosse a sua única dívida, o time de BH já seria o 4º maior devedor do país. Aqui, vale um destaque para o Flamengo, cuja receita anual (R$ 1,177 bi) foi mais de 4 vezes superior à dívida (R$ 254 mi).

A seguir, veja o ranking de dívidas dos clubes do Brasil, a partir do critério da EY. Entre parênteses, a colocação final no Brasileirão 2022. Lembrando que a análise considerou os balanços mais recentes, com dados até 31 de dezembro de 2022. Na prática, Bahia (City Group) e Coritiba (Treecorp) já deverão aparecer com dívidas líquidas zeradas, ou quase zeradas, nos próximos balanços, que devem sair até abril de 2024. Os dois clubes formalizaram a entrada dos investidores nas respectivas SAFs nos dias 4 e 9 de maio, respectivamente. Em tese, clubes como Vasco (777) e Botafogo (John Textor) também deverão reduzir os números, sem contar os possíveis negócios relacionados à Sociedade Anônima do Futebol durante 2023…

Ranking de endividamento líquido dos clubes

1º) 1,571 bilhão – Atlético-MG (A, 7º)
2º) 1,181 bilhão – Cruzeiro (B, 1º)
3º) 1,040 bilhão – Botafogo (A, 11º)
4º) 927 milhões – Corinthians (A, 4º)
5º) 679 milhões – Vasco (B, 4º)
6º) 678 milhões – Fluminense (A, 3º)
7º) 653 milhões – Internacional (A, 2º)
8º) 587 milhões – São Paulo (A, 9º)
9º) 540 milhões – Santos (A, 12º)
10º) 518 milhões – Grêmio (B, 2º)
11º) 451 milhões – Palmeiras (A, 1º)
12º) 301 milhões – Bragantino (A, 14º)
13º) 292 milhões – Guarani (B, 10º)
14º) 284 milhões – Bahia (B, 3º)
15º) 281 milhões – Athletico-PR (A, 6º)
16º) 254 milhões – Flamengo (A, 5º)
17º) 246 milhões – Sport (B, 7º)
18º) 236 milhões – Coritiba (A, 15º)
19º) 187 milhões – Ponte Preta (B, 12º)
20º) 122 milhões – América-MG (A, 10º)
21º) 106 milhões – Vila Nova (B, 13º)
22º) 90 milhões – Avaí (A, 19º)
23º) 50 milhões – Goiás (A, 13º)
24º) 33 milhões – Fortaleza (A, 8º)
25º) 27 milhões – Ceará (A, 17º)
26º) 11 milhões – Criciúma (B, 8º)
27º) 2 milhões – Cuiabá (A, 16º)
28º) 1 milhão – Brusque (B, 18º)
29º) Menos de 1 mi – Operário-PR (B, 19º)
30º) Zero – Atlético-GO (A, 18º)

Agora, confira o recorte tendo apenas as dívidas tributárias, que já passam de R$ 3,8 bilhões, ou 33% do total. Entre parênteses, o percentual desta dívida sobre todas as dívidas líquidas de cada clube. A ressalva fica por conta do Ceará, acima de 100%. Como? O passivo geral do vozão é, naturalmente, superior ao montante de dívidas tributárias, mas a dívida do clube considerada neste estudo, tirando ativos importantes, deixaram o valor bem menor em “2022”.

Ranking de dívidas tributárias dos clubes

1º) 539 milhões – Corinthians (58%)
2º) 335 milhões – Botafogo (32%)
3º) 334 milhões – Fluminense (49%)
4º) 300 milhões – Atlético-MG (19%)
5º) 282 milhões – Internacional (43%)
6º) 281 milhões – Vasco (41%)
7º) 237 milhões – Flamengo (93%)
8º) 236 milhões – Cruzeiro (19%)
9º) 204 milhões – Santos (37%)
10º) 186 milhões – São Paulo (31%)
11º) 146 milhões – Sport (59%)
12º) 116 milhões – Bahia (40%)
13º) 111 milhões – Coritiba (47%)
14º) 92 milhões – Grêmio (17%)
15º) 67 milhões – América-MG (54%)
16º) 52 milhões – Palmeiras (11%)
17º) 49 milhões – Avaí (54%)
18º) 41 milhões – Ponte Preta (21%)
19º) 30 milhões – Goiás (60%)
20º) 29 milhões – Ceará (107%)*
21º) 25 milhões – Bragantino (8%)
22º) 18 milhões – Athletico-PR (6%)
23º) 13 milhões – Fortaleza (39%)
24º) 12 milhões – Vila Nova (11%)
25º) 5 milhões – Guarani (1%)
26º) 2 milhões – Cuiabá (100%)
27º) Menos de 1 mi – Criciúma, Brusque e Operário
30º) Zero – Atlético-GO

*Até a divulgação do relatório, Chapecoense, CRB, CSA, Ituano, Juventude, Londrina, Náutico, Novorizontino, Sampaio Correia e Tombense ainda não haviam publicado as suas demonstrações financeiras e, por isso, não foram abordados.

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